A engenharia de requisitos desempenha um papel crucial no desenvolvimento de software, garantindo que as necessidades dos usuários sejam capturadas e traduzidas em especificações claras para os desenvolvedores. Um dos principais especialistas nesse campo é Roger Pressman, cujas ideias continuam a moldar a maneira como abordamos a elicitação, análise e validação de requisitos.
Roger S. Pressman é uma figura renomada no campo da engenharia de software, especialmente conhecido por sua expertise em engenharia de requisitos. Autor do influente livro “Engenharia de Software: Uma Abordagem Profissional”. Sua obra serve como referência para profissionais e estudantes que buscam compreender e aplicar as melhores práticas na identificação e documentação de requisitos, garantindo que as necessidades dos usuários finais sejam atendidas de forma eficiente.
Explorando as Etapas da Engenharia de Requisitos de Roger Pressman
Suas etapas são fundamentais para garantir que os requisitos do sistema sejam capturados de maneira abrangente e precisa desde o início do ciclo de vida do desenvolvimento de software.
1. Concepção
Na etapa de concepção, o foco está em compreender o contexto do sistema e identificar as necessidades e objetivos gerais do projeto. Isso implica na análise do ambiente no qual o software será implantado, na identificação dos stakeholders-chave, na determinação da natureza da solução desejada (se é um aplicativo, um portal ou um sistema, por exemplo) e na avaliação preliminar da eficácia da comunicação e colaboração entre as partes interessadas. Essa fase inicial estabelece as bases para todo o processo de engenharia de requisitos, garantindo uma compreensão clara do escopo e das expectativas do projeto.
2. Levantamento
Durante a fase de levantamento de requisitos, ocorre a coleta de informações junto aos stakeholders relevantes, como usuários finais, clientes e especialistas do domínio. Técnicas como entrevistas, questionários e observação são utilizadas para capturar as necessidades e expectativas dos envolvidos. É comum que nessa etapa surjam desafios de comunicação entre a equipe técnica e a equipe de negócios devido à utilização de linguagem técnica. Essa diferença pode dificultar o entendimento mútuo e, consequentemente, levar a problemas futuros. Portanto, é crucial alinhar esses pontos desde o início, buscando uma linguagem comum e garantindo uma compreensão clara por parte de todos os stakeholders. Além disso, é fundamental delimitar o escopo do projeto, identificando e gerenciando possíveis conflitos entre os stakeholders para garantir um desenvolvimento mais eficaz.
3. Elaboração
Durante a etapa de elaboração, os requisitos coletados passam por uma análise aprofundada e refinamento para garantir sua clareza, consistência e abrangência. É neste momento que se realiza a distinção entre requisitos funcionais e não funcionais, bem como a resolução de eventuais conflitos ou ambiguidades. Além disso, é fundamental nesta fase avaliar a arquitetura de referência a ser empregada, definir a rota tecnológica para atender às demandas do negócio, identificar as pessoas adequadas para contribuir com diferentes perspectivas no projeto, estabelecer o ambiente tecnológico necessário e reconhecer as restrições de domínio do problema, incluindo quaisquer regulamentos, leis ou órgãos reguladores pertinentes. Também é importante determinar os métodos a serem utilizados para as entrevistas de levantamento de requisitos.
4. Negociação
Durante a etapa de negociação, ocorre o alinhamento de expectativas entre os stakeholders, visando alcançar um consenso sobre os requisitos prioritários e viáveis. É comum que diferentes partes tenham objetivos e necessidades conflitantes, e a negociação busca encontrar um equilíbrio aceitável para todas as partes envolvidas. Nesse estágio, algumas perguntas cruciais devem ser consideradas: Os requisitos identificados estão alinhados com o objetivo do sistema? O nível de abstração de cada requisito é adequado para iniciar sua análise e especificação? Existe a possibilidade de integrar e simplificar requisitos, como por exemplo, integrações com sistemas terceiros? Outra solução mais simples atenderia ao sistema? Seria viável reduzir o escopo para diminuir custos e prazos de entrega? Essas reflexões são essenciais para garantir um processo de negociação eficaz e alcançar um acordo que atenda às necessidades de todas as partes envolvidas no projeto.
5. Especificação
Na fase de especificação de requisitos, os requisitos são documentados de forma clara e detalhada, utilizando uma linguagem compreensível tanto para os stakeholders quanto para os desenvolvedores. Isso inclui a criação de casos de uso, diagramas de fluxo, protótipos, modelagem matemática entre outros artefatos.
6. Validação
A validação dos requisitos é crucial para garantir que atendam às necessidades dos usuários finais e sejam viáveis dentro das restrições do projeto. Esta etapa envolve revisões e avaliações dos requisitos por parte dos stakeholders, identificando possíveis falhas ou inconsistências que precisam ser corrigidas. É fundamental garantir que tudo que foi especificado possa ser interpretado corretamente pelas partes interessadas. Além disso, é importante avaliar se o que será implementado poderá ser testado, validado e verificado adequadamente. É necessário também considerar se o desenvolvimento do requisito é viável tanto no âmbito de negócio quanto no da tecnologia. Por fim, é essencial verificar se a equipe de desenvolvimento que receberá o requisito está apta para executá-lo de maneira eficaz. Essas considerações são essenciais para garantir o sucesso do projeto e a satisfação de todas as partes envolvidas.
7. Gestão
Por fim, a gestão dos requisitos visa garantir a atualização contínua dos requisitos ao longo do ciclo de vida do projeto. Mudanças nos requisitos devem ser gerenciadas de forma controlada, assegurando que o software entregue atenda às expectativas iniciais dos stakeholders. Durante esse processo, é fundamental estabelecer um fluxo de aprovação claro para as alterações nos requisitos, garantindo transparência e responsabilidade. Além disso, é importante manter um registro histórico das modificações para fins de rastreabilidade e auditoria. Essas práticas ajudam a manter o projeto sob controle e a garantir que as entregas atendam às necessidades em constante evolução dos stakeholders.
Em suma, a engenharia de requisitos é muito importante no processo de desenvolvimento de software, garantindo que cada etapa seja minuciosamente planejada para atender às necessidades dos usuários finais.
“A engenharia de requisitos fornece um mecanismo adequado para entender o que o cliente deseja, analisar as necessidades, avaliar a exequibilidade, negociar uma solução razoável, especificar a solução de maneira não ambígua, validar a especificação e administrar os requisitos à medida que eles são transformados num sistema em operação. (PRESSMAN, 2006, p.250)